Toda gestação se inicia a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. A partir desta fecundação, chamada “concepção”, se iniciam as transformações e etapas necessárias para a formação e nascimento saudável do bebê.
Em muitos casos, logo após a concepção, e devido a diversos fatores, a gravidez não evolui, resultando na interrupção do processo (que muitas vezes ocorre mesmo antes do atraso menstrual). A interrupção espontânea da gravidez neste momento, ou em qualquer outro momento até a 20ª semana de gestação, é chamada de aborto espontâneo.
Muitos de nós já ouvimos a recomendação de só divulgar a gravidez após o 3º mês de gestação, não é verdade? Isto tem um motivo que precisa ser considerado: apenas 3 em cada 10 concepções resultam no nascimento de um bebê. O aborto espontâneo neste período inicial de gestação é muito mais comum do que se imagina e corresponde a 80% dos casos totais de aborto. Quando a gestação é confirmada, ou seja, quando as células embrionárias se fixam no útero e as alterações hormonais na mulher indicam uma gravidez em curso, as taxas de aborto caem para uma faixa de 15% a 20%.
Já os casos de abortos recorrentes, são os que ocorrem um após o outro, e eles comprometem 1 em cada 100 casais. Não há um consenso quanto à sua definição, no que se refere ao número de perdas espontâneas sucessivas para que o caso seja considerado como sendo de abortos recorrentes. Mas todos vamos convir que ninguém esperará mais do que um ou dois abortos para buscar compreender se há uma ou mais causas que possam ser tratadas para se aumentar as chances de uma gravidez plena e com o final esperado.
Mas, o que pode ajudar a reduzir as chances de abortos ou mesmo de aumentar as chances de simplesmente engravidar? Segundo a Dra. Elis Nogueira, ginecologista e obstetra com ampla experiência em gestações de alto risco e infertilidade, a primeira ação do casal deve ser o planejamento da gravidez com orientação médica, o que possibilitará conhecer possíveis fatores de risco do casal mesmo antes de se tentar ou iniciar uma gravidez. Realizado este planejamento e iniciada a gravidez, fazer o pré-natal seguindo as orientações médicas. “O diagnóstico precoce de possíveis causas de aborto é crucial para o planejamento de ações adequadas para aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida”, explica a médica.
As causas dos abortos recorrentes são variadas e podem ser classificadas em genéticas, anatômicas, imunológicas, endócrinas ou infecciosas.
“Em muitos casos é essencial realizar uma avaliação completa que inclui exames genéticos, avaliação da cavidade uterina por meio de histeroscopia, estudos hormonais e investigação de possíveis doenças imunológicas e trombofilias. Muitas vezes encontramos mais de uma causa para os abortos de repetição”, explica a Dra. Elis Nogueira.
É muito comum que os casais partam para tratamentos de reprodução assistida, que por si só não garantem o sucesso de uma gestação, se as causas do aborto não forem identificadas e tratadas. Como mencionado, muitas vezes a concepção natural ocorre, mas o aborto também ocorre logo a seguir. Portanto as causas do aborto é que precisam ser tratadas para que o casal tenha sucesso com a sua gestação, seja de forma natural, seja através da reprodução assistida, é o que orienta a Dra. Elis Nogueira.
Além das orientações médicas, o apoio emocional é fundamental. “Muitos casais enfrentam uma montanha-russa emocional com repetidos abortos. Apoio psicológico e grupos de suporte podem ser importantes para ajudar a lidar com o luto e renovar a esperança”, acrescenta Dra. Elis Nogueira.
O aborto de repetição é uma condição complexa, mas que com abordagem correta e o suporte adequado muitos casais conseguem superar os obstáculos e alcançar o sonho de ter um bebê. A investigação meticulosa e o tratamento personalizado são a chave para se aumentar as chances de sucesso na concepção e manutenção de uma gravidez saudável.
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