Levantamento recente do Ministério da Saúde aponta que o sobrepeso em mulheres já é maior do que nos homens. Segundo especialistas, o excesso de peso pode causar problemas graves na gestação, com riscos para a saúde de mães e bebês.
Segundo o Vigitel, Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, a última década testemunhou um salto alarmante do excesso de peso entre a população brasileira e as mulheres em especial, atingindo 62% da população feminina no Brasil. Para os especialistas em saúde pública, este cenário afeta diretamente a saúde da população e acende uma luz de alerta para as autoridades sobre os riscos associados à gestação tanto para as mães quanto para os bebês, como diabetes gestacional e problemas cardíacos. “Os efeitos diretos da obesidade para a saúde dos bebês podem ter repercussão até na vida adulta, o que configura uma preocupação muito grande em relação às futuras gerações “, explica a nutricionista Elaine Pádua.
Um estudo conduzido por Elaine Pádua trouxe à tona a relação direta entre excesso de peso e problemas na gestação. A pesquisa comparou grupos de gestantes adolescentes e gestantes acima dos 20 anos, revelando diferenças significativas que merecem atenção.
O estudo evidenciou que, embora haja uma menor prevalência de obesidade entre adolescentes, em parte devido a um metabolismo mais acelerado e hábitos de vida mais ativos, as complicações associadas ao sobrepeso não são exclusivas de qualquer faixa etária.
Já as gestantes acima de 20 anos apresentaram uma taxa de obesidade maior. “Mudanças hormonais e um metabolismo geralmente mais lento contribuem para essa maior incidência de sobrepeso em mulheres adultas”, aponta Elaine Pádua.
A pesquisa ressalta que a alimentação exerce um papel crucial na concentração de adiponectina. Dietas ricas em ácidos graxos saturados e trans, açúcares simples e carne vermelha podem ser prejudiciais. Em contrapartida, uma alimentação equilibrada e saudável pode melhorar os níveis deste hormônio, beneficiando a gestante e o desenvolvimento fetal.
Elaine Pádua explica: “Os níveis de adiponectina, um hormônio secretado pelo tecido adiposo, são essenciais para manter o equilíbrio metabólico. Na gravidez, os níveis adequados deste hormônio são cruciais, pois uma queda está associada ao desenvolvimento de resistência à insulina e complicações como o diabete mellitus gestacional.”
A pesquisa chama atenção ainda para um aspecto muitas vezes esquecido: o baixo peso materno. “Embora o foco seja frequentemente o sobrepeso, o baixo peso também traz riscos, podendo levar a restrições nutricionais para o feto”, alerta a especialista. Uma dieta de ganho de peso saudável deve ser rica em nutrientes e balanceada, visando a saúde da mãe e do bebê.
Este estudo destaca a importância de um acompanhamento nutricional adequado durante a gravidez, visando não apenas a saúde da mãe, mas também a do bebê, sublinhando que uma abordagem preventiva é essencial para garantir uma gestação saudável e um futuro mais promissor para as próximas gerações.
Elaine Pádua
Nutricionista pós-graduada em Nutrição nas Doenças Crônico – Degenerativas pelo Instituto de Pesquisa e Ensino do Hospital Israelita Albert-Einstein. Lifestyle Medicine: Tools for Promoting Healthy Change- Harvard Medical School. Especialista em Adolescência para equipe multidisciplinar pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Pós-graduada em Nutrição Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Mestra em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo do Departamento de Medicina (obstetrícia). CRN – SP 22094
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